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MAISON EUROPÉENNE DE LA PHOTOGRAPHIE - MEP
Author: Claude Nohi (2015)

Logo de cara gostei da forma como Marcos Bonisson se funde à praia (meu território de predileção) por todos os poros da pele, perdendo-se nela, corpo e alma confundidos. Seus enquadramentos apertados, sua ótica como uma lupa, a matéria sempre viva, a força do preto e do branco, todos esses elementos juntos têm o rigor clássico de Edward Weston e a modernidade de Giacomelli.

Sua orla, seus beira-mares, onde se misturam brincadeira de crianças, exibicionismo e sedução, numa dança natural de corpos sexuados, surgem de forma sombria, numa representação dramática dos grandes fundos marinhos sob céus tempestuosos que dão calafrios.

Esse espaço entre dois rochedos de cerca de cem metros, O Arpoador e, mais especificamente, a Praia do Diabo, la Plage du diable, tornou-se para Marcos um estúdio de trabalho natural, um local onde sua escrita visual se faz, um teatro vivo no qual, ano após ano, Marcos concentrou seu pensamento. Entre banhistas e surfistas, ao ritmo das ondas ou mergulhado num mar agitado, Marcos organiza um caos aparente para então criar imagens próprias. Corpos ágeis, musculosos e cintilantes, destacam-se sob luzes intensas e revelam-se como negras belezas, matéria em fusão. Piruetas, cascadas, corridas desenfreadas dos jovens e cabelos femininos perolados excitam as forças telúricas e o desejo.

Através de um sopro existencial, um território restrito, num pedacinho de terra, logo ali bem pertinho de sua casa, Marcos construiu uma obra tipicamente fotográfica que tornou-se metáfora do mundo e da sua verdade.

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